MEMÓRIA
Lembrança da barbárie
Paraguaios reforça pedido de repatriação
do canhão “El Cristiano”, usando na Guerra da Tríplice Aliança.
Uma comissão formada por historiadores, professores, pesquisadores e cidadão de diferentes áreas, reuniu-se com o vice-presidente do Paraguai, Frederico Franco, para reforçar o pedido para que o governo central do país vizinho interceda junto às autoridades do Brasil, visando à repatriação do canhão “El Cristiano”, empregado pelo exército de Solano López, durante a Guerra da Tríplice Aliança (1964-1970).
O artefato militar foi construído na localidade de Ybucuí, provavelmente no ano de 1864, durante a fase final do conflito que reuniu Brasil, Argentina e Uruguai contra o Paraguai. O canhão foi produzindo com o cobre dos sinos de igrejas da cidade de Assunção, por isso o seu nome original “El Cristiano”.
A arma, que lançava balas de dez polegadas, foi eficiente contra a armada brasileira. O canhão foi usado pela primeira vez durante a chamada batalha de Curupayti, narrada como uma das maiores derrotas dos exércitos aliados, diante dos soldados paraguaios.
O canhão foi trazido para o Brasil como troféu de guerra e encontra-se exposto no pátio do Museu Histórico Nacional, no Rio de Janeiro.
Passados mais de 140 anos desde o fim da Guerra do Paraguai (ou Guerra da Tríplice Aliança), o Paraguai reivindica do Brasil a devolução imediata da arma, como demonstração dos novos tempos de cooperação e paz mantidos pelos dois povos. A comissão que se encontrou com o vice paraguaio, denominada de “Paraguayos al rescate del cañon Cristiano”, pede que a repatriação do artefato militar seja celebrada durante a programação do bicentenário da independência, comemorada este ano.
No ano passado, autoridades do governo brasileiro demonstraram o interesse em devolver a peça, mesmo diante do protesto de historiadores e militares do país.
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(Guatá/Paulo Bogler/Com informações do Ateneo Guarani)